segunda-feira, 31 de outubro de 2011

SE NÃO PUDER FAZER O BEM AO MENOS NÃO DESEJE O MAL


Sua Santidade Dalai Lama costuma resumir a riquíssima filosofia budista em uma frase: " Faça o bem sempre que possível, se não pode fazer o bem, tente não fazer o mal. "

Uma das especialidades do budismo é a noção de que o mundo que nos circunda é inseparável de nós mesmos. Assim, se fazemos o bem para os demais seres e para o ambiente, estamos cuidando de nosso próprio bem. Se causamos o mal aos outros e ao ambiente, estamos causando o mal a nós mesmos. Todos estão ligados uns aos outros, todos dependem uns dos outros. O conceito de interdependência budista também sustenta que nós - e tudo que nos circunda - não temos a solidez que julgamos possuir. Atribuímos identidades e qualidades a tudo e a todos( inclusive a nós mesmos) a partir de uma visão limitada por um padrão binário de gostar e não gostar, querer e não querer. Esse é tema profundo, trabalhado de modo muito detalhado nos ensimamentos mais sofisticados.

A palavra para os mundos que surgem inseparáveis das nossas mentes é " mandala". Mandala não se refere apenas como um mundo material surge, mas especialmente como surgem a experiência desse mundo, o observador, os limites cognitivos, as energias de ação, as emoções e o corpo. Cada mandala surge inseparável de um tipo correspondente de inteligência viva e ativa. essas inteligências são transcendentes, não pessoais, não corruptíveis e livres do tempo. Incessantemente disponíveis, podem ser reconhecidas e acessadas sem esforço ou luta a qualquer momento. A meta budista é sair das mandalas limitadas e chegar as mandalas de sabedoria, insentas do padrão binário.Todos os seres aspiram felicidade e proteção frente ao sofrimento. Nossos pais nos ensinam habilidades para nos aproximarmos da felicidade e nos protegermos. Nossos pais, professores e mestres ensinam também a disciplina, e com isso ampliamos nossa capacidade de atingir metas difíceis, atravessar ambientes perturbadores e exigentes e suportar as adversidades momentâneas na busca de realizações maiores.

O budismo nos ensina a capacidade de reconhecer mundo dos puros e inteligências puras, de tal modo que, instalados na experiência desses ambientes puros, as ações positivas sejam naturalmente realizadas sem esforço e sem contradição. Esses mundos puros são mandalas de sabedoria.( Do livro do Lama Padma Samten - Mandala do Lótus - ed. Peirópolis)

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